terça-feira, 15 de maio de 2012

ENTREVISTA COM A FONOAUDIÓLOGA SOBRE O USO DO PLAYBACKS

ENTREVISTA REALIZADA EM 17/ABRIL/2012, NA CPAD FM
O USO DE PLAYBACKS FAZ BEM A SAÚDE?
“Se isso for feito de forma contínua, pode se instalar uma laringite secundária ao esforço e formar Nódulos (que são os calos nas pregas vocais), os edemas (inchaços) e os pólipos, provocando danos às vezes irreparáveis na musculatura das pregas vocais.”
Por Rosângela Carvalho
Com participação de Lúcia Veríssimo e Flaviana Oliveira (no debate ao vivo)
Há algum tempo, os hinos cantados nas igrejas, de um modo geral, eram acompanhados ao vivo por instrumentistas que adaptavam os tons das músicas à altura da voz daqueles que iriam cantá-las. Com a popularização dos playbacks, muitas pessoas substituíram o instrumentista ao vivo pela gravação de um acompanhamento que foi feito baseado na altura da voz de outra pessoa (no caso, um cantor profissional). Em conseqüência disso, é comum nós assistirmos, nos cultos, pessoas cantando hinos muito mais alto do que seria o ideal para o tom de voz daquela pessoa.
Para falar sobre este assunto, convidamos a fonoaudióloga, especialista em motricidade orofacial, Camilla Bronzeado*.
R.C. – Camila, quais as conseqüências dessa prática?
C.B. – “Bem, primeiramente queria dar uma introdução antes de dizer essas conseqüências só p vcs entenderem como a voz é produzida. Então, ela é produzida pela Laringe (essa estrutura que fica aqui bem no pescoço, que nos homens é chamado popularmente de “pomo de adão”, e nas mulheres é apenas uma pequena protuberância bem no meio do pescoço). Dentro da Laringe temos duas dobras de músculo e mucosa chamada popularmente de CORDA VOCAL (mas o nome correto e científico é Prega Vocal).
Para produzir a voz essas Pregas vibram com a passagem do ar que vem dos pulmões, que é como se fosse um “combustível” para o som. E esse som é transformado em fala pelos movimentos de várias estruturas como a língua, boca, lábios e dentes.
Então com isso agente percebe que cada pessoa tem seu tipo de voz, e isso depende de vários fatores como: do tamanho das pregas vocais, do sexo, do tipo físico, da respiração, do temperamento, enfim, de vários fatores.
Então essas pessoas que utilizam nesses playbacks um tom bem mais alto (ou mais baixo tb) do que seu aparelho vocal permite produzir (procurando aproximar-se de um modelo vocal que gostaria de ter, ou que acredita ser mais bonito ou melhor) pode com certeza desenvolver uma Disfonia Funcional (que no caso do canto especificamente é chamada de Disodias), e isso esta ligada ao mau uso da voz, devido a sobrecarga (que esses sons inadequados a determinadas pessoas causam) e do esforço excessivo nos músculos da Laringe, no aparelho respiratório e tb na musculatura cervical (do pescoço).
E se isso for feito de forma contínua, pode se instalar uma laringite secundária ao esforço e formar Nódulos (q são os calos nas pregas vocais), os edemas (inchaços) e os pólipos, provocando danos as vezes irreparáveis na musculatura das pregas vocais.
Com isso a pessoa pode começar a referir dor branda nessa região, pigarro, tensão cervical, fadiga que aumenta e desaparece com o repouso vocal, diminuição do rendimento vocal, até chegar a rouquidão, que compromete realmente o desempenho vocal.”

R.C. – Existe alguma técnica que possibilite mudar a altura da voz?
C.B. – Bem, altura pode ser sinônimo de falar alto, que tb pode ser sinônimo e gritar com esforo excessivo (o q pode ser prejudicial), na verdade gosto de usar o termo Projeção Vocal, que é exatamente falar alto com controle da qualidade vocal.
Na verdade qualquer voz pode ser aperfeiçoada. E pra cantar é necessário conhecer bem sai extensão vocal. Todos nós somos limitados e precisamos saber até onde podemos chegar, e devido a esse limite sonoro que agente possui podemos classificar as vozes em 6 categorias, sendo 3 em cada sexo, são divididos em: masculino (baixo, barítono e tenor), e feminina (contralto, mezzo e soprano).
Então fazemos uma avaliação minuciosa, onde a voz deve ser trabalhada conforme a necessidade de cada caso, como: respiração, ressonância, rewsistencia vocal, impostação adequada, articulação, aquecimento e desaquecimento vocal, entre outras coisas q podemos trabalhar.
R.C. – Pode-se dizer que a arte de cantar reside em ter uma veia interpretativa, um bom gosto musical, ter uma afinação e saber usar a voz.  Vozes não trabalhadas podem ter os resultados das que sofrem interferência das técnicas de respiração, controle muscular, afinação e impostação? Ou seja, uma pessoa que nunca foi a um fonoaudiólogo pode ser um ótimo cantor, do ponto de vista técnico?
C.B. – Bem, algumas pessoas são dotadas de talento p música vocal, pro canto (há pessoas assim em todas as áreas isso é fato), mas é válido ressaltar q o acompanhamento com o Fonoaudiólogo visa não só a técnica, o aperfeiçoamento, mas principalmente a proteção e a saúde da voz, pq afinal o individuo quer cantar BEM por toda a vida, não somente por alguns anos. Além disso o conhecimento e cuidados com a saúde nunca são d+.
Então procure um Fonoaudiólogo e tire as suas dúvidas sobre Higiene Vocal, sobre alguma alteração que esteja percebendo na sua voz, se ela ficou diferente nos últimos tempos, enfim, iremos fazer uma avaliação completa, fazer os encaminhamentos necessários, cuidar realmente da sua voz q é um instrumento importantíssimo pra todos, principalmente pra nós evangélicos, pois iremos propagar a Palavra de Deus através das pregações e tb dos louvores, então uma voz saudável é fundamental, tanto p o falante, qnto p o ouvinte.
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OBS.: Texto composto com as respostas enviada pela fonoaudióloga Camilla Bronzeado (sem alteração). Ela respondeu apenas as questões (base) previamente elaboradas em pauta. Vale ressaltar que, como se tratava de um debate ao vivo, outras perguntas foram feitas por Lúcia Veríssimo e Flaviana Oliveira, que serviram para enriquecimento do debate.
*Camila Bronzeado, contatos: camillabronzeado@gmail.com / (83) 8815-7230